sexta-feira, 20 de março de 2015

Papeando, porque hoje é sexta!

Recadinho

Tem muita gente me perguntando por que não consegue comentar no blog.
Dizem que quando finalizam a mensagem, parece que funcionou e depois não aparece nada na tela.
A dica é: não saia logo da página.   
Após clicar no “publicar”, espere um pouco. Observe se é pedido que você confirme que não é um “robô”. 
Para confirmar é simples, mas se não fizer o procedimento, não funciona.
Deixei aberto para qualquer pessoa comentar e não tenho como mudar o pedido de identificação, faz parte do esquema de segurança do blogger.

Se mesmo assim não rolar, me avisem como fizeram agora, por favor.


Miscelânea

I

Quando meu genrinho (o diminutivo é porque ainda são namorados) chega em casa dizendo que tem algo que é a minha cara para me mostrar, tenho muitas reações esquistas.

O estômago revira de aflição por ouvir isso de um rapaz que tanto gosto.
Mas vejam bem...Sou a sogra! então o coração bate mais rápido. A mão formiga e os neurônios ficam em estado de alerta máximo.

Fico doida para ver o que ele acha que tem a minha cara.  Penso numa música nariguda; um texto com olheiras, cabelos lisos escorridos e coisas do tipo.

Peço dicas do que é porque ele tem que tirar o paletó, guardar a mochila, cumprimentar o cachorro que faz festa barulhenta latindo “amo esse cara, amo esse cara!” e demora bastante para me mostrar.
Ele assanha minha curiosidade dizendo: Se me dissessem que é de sua autoria, eu acreditaria.

Aimeudeus!
Isso é bom ou ruim?

Minha filha sempre completa a cena lembrando que quando o pai ficar velhinho irá para um asilo, mas a mãe irá para um hospício de idosos, que ele não se preocupe – não terá que cuidar de uma velhinha doida.

Ele vai mexendo no celular e dizendo que é algo “doido” como eu.
Vou incorporar esse estereótipo e começar a babar no pé. Parece que é consenso aqui em casa.

Já combinei com minha filha que ela procure um hospício que tenha muitas árvores porque quero morar em uma delas, numa casa de madeira, em galho bem alto, que me permita conviver com os narizes verdes balançantes – cheia de oxigênio e paisagem. (ela se comprometeu em achar um assim, quase como quem providencia um último desejo à progenitora moribunda!!).

Para completar o quadro, ela apressa meu genrinho para mostrar logo o que tem para mostrar para que a criança-mãe-empolgada, que vai ganhar um doce no formato de texto ou música, sossegue.

Estou rodeando o rapaz, mas estou quieta.

A última vez que ele veio com essa frase, apresentou um livro que realmente amei e que adoraria ter escrito. É o que me conforta nesta espera, que parece eterna.

Desta vez ele diz que é uma música. Um grupo que faz músicas que eu bem poderia ter escrito as letras.

Todas as pulgas do mundo estão nas minhas orelhas e preciso me livrar delas para colocar o fone de ouvido.

Eu não conhecia, e amei. Gostei muito da proposta do grupo.
Vejam se conhecem e se gostam:

Palitorerapia (Palitoterapia em alguns registros)

Abram o “mostrar mais”  - tem a letra e outras informações.

Assumiria a autoria desta e de todas as outras do álbum “Matéria Estelar”, de Rhaissa Bitttar
Meus destaques são para: “Lamúrias de uma Pera”; “A Lista”; “Uma Pedra”; “Matéria Estelar”, “A Foto”.

“Pa Ri” é de outro álbum e é ótima também. Tem que prestar atenção na letra.

E ele avisa: assinante do Spotify encontra o “Matéria” disponível, tá?!

Meu genrinho é ou não é uma graça?
Se um dia ele brigar com a minha filha e terminar o namoro, me candidato!!

Só preciso me certificar que, no futuro, ele me coloque no hospício com árvores.
“No futuro”, hein, Bruno!

***

II
Leituras

Não costumo comentar, aqui no blog, os livros que leio. 
Às vezes sugiro que leiam este ou aquele livro porque achei interessante.  
Mas, geralmente, não passo disso.
Gosto não se discute.  
O que se discute é uma obra, um autor e seus desdobramentos no painel cultural.
E isso já não posso fazer.
Não sou das Letras, sou apenas uma leitora curiosa, de formação jornalística que corre por fora porque gosta.
E (.)

Na época da faculdade zombávamos de nós mesmos dizendo que jornalistas sabem um pouco de cada coisa e nada profundamente (a menos, claro, que você se especialize, mais tarde, para ser jornalista de algum assunto específico).

Seria, portanto, uma burra ousadia da minha parte fazer qualquer análise literária.

Deixo essas análises para meu amigo do “Palavra de Literatura”, que as faz, de forma gostosa e com muito conhecimento e autoridade - além de apresentar diários de leituras, promover discussões e levantar questões pertinentes.
Já recomendei esse blog para quem gosta de literatura:  http://palavradeliteratura.blogspot.com.br/?view=classic
É enriquecedor.

Tudo isso esclarecido (com ares de justificativa também), farei minhas observações de leitora leiga que não usa a terminologia correta dos literatos, não fala de “eu poético”, “lirismo subjetivo” e afins.



Alguém pode me dizer o que acontece com Haruki Murakami*?
Indicado ao Nobel de literatura em várias oportunidades, esse cara me confunde nos sentimentos por ele.
Não sei se o gosto em tudo que poderia gostar.

Explico:
Todos os livros que li dele** me deram a mesma sensação de estranheza. Um certo mal estar que não sei definir direito.

Quero dizer, sei o que incomoda mas não sei se são recursos usados por ele ou se são características dele.

Murakami é daqueles autores que criam enredos instigantes, que te deixam curiosa e não é dado à “máximas” ou grandes pensamentos. Não fica filosofando a vida, não usa metáforas ou muitas analogias para dizer o que quer. É secão.  
Mas é esticado.
A impressão que tenho é que ele trabalha cada linha do texto para deixar uma estória simples e comum, interessante.  

E é aí que ele se enrola.   Parece que quer mais páginas no livro.
Fornece detalhes desnecessários a todo instante.
E digo “desnecessários” porque quase todos não fazem diferença na composição dos personagens ou do pano de fundo do enredo todo. 
Um detalhe ou outro é fundamental, claro. Mas ele exagera, ao meu ver.
Ele consegue deixar a estória interessante? Sim. Mas não corre suave.

Não sei dizer se ele é prolixo ou se a tradução é infeliz.
O japonês é um idioma que usa muitas palavras para pouco dizer.
Pode ser que a tradutora se enrole e não faça um fluxo de narrativa mais leve porque quer considerar cada palavrinha que ele usa. Talvez desse para fazer de outra forma.
E acho essa questão seríssima porque se a tradução estiver emperrando, estou lendo um Murakami que não existe e sim o que a tradutora entende.  Vai ver é isso.

Ou é proposital esse espalhar muitos detalhes desnecessários?
Quem sabe ele quer soltar pistas falsas para o leitor ficar procurando pelo em ovo.  Ovo de canário.
Não sei.

E para agravar, ainda tem os finais.
Embora eu fique presa nas estórias que ele cria, não houve um só final que eu tivesse gostado nas obras dele.
Ele sempre me decepciona no desfecho.

Como pode alguém tão criativo não achar um final à altura do resto da obra?

Finalizações são complicadas quando se abre muito o leque de proposições, assuntos, personagens; concordo.  Mas nem é o caso.
Parece que Murakami escolhe o mais tolinho possível para fechar tudo.
Ausência.
Vácuo.
É essa a sensação que tenho quando termino um livro dele.

Lembrando que, o que antes chamávamos de vácuo (ausência de máteria) passou a ser preenchido pela percepção da existência da tal matéria escura – ainda indecifrada pelos cientistas -  no universo.
É lá, na matéria escura, que devem estar guardados os finais brilhantes de Murakami. 
Eles devem existir. Não os conheço. Não os vejo.
Apenas infiro que existam.


* Haruki Murakami --> http://pt.wikipedia.org/wiki/Haruki_Murakami

** obras lidas:  
“Minha querida sputnik”; 

“1Q84” (trilogia);

“O incolor Tsukuro Tazaki e seus anos de peregrinação”

e alguns contos:
http://www.newyorker.com/magazine/2014/10/13/scheherazade-3

http://www.newyorker.com/magazine/2014/06/09/yesterday-3


-> próxima obra que lerei: “Kafka à beira mar”
***

Um comentário:

  1. Marcela,

    Adorei o seu texto Miscelânea, achei o personagem excelente ! Você tem muita sote de te-lo como genro. Eu com certeza tenho muita sorte de ter a sogra divertida que eu tenho.

    Beijos,
    Bruno Schneider

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