sexta-feira, 30 de setembro de 2016

Civilidade

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Sempre digo que o jeito de dirigir de uma pessoa reflete o modo que essa pessoa conduz sua vida.
Geralmente as pessoas riem dessa minha afirmação, mas convido os que moram em cidades grandes e pegam trânsito pesado todo santo dia, a observar as atitudes de seus amigos e a forma como dirigem.
Existe uma relação direta na questão.

Também sempre digo que a maior prova de civilidade de um motorista é o pisca-pisca, ou seta - aquela luzinha que fazemos piscar ao sinalizar para que lado pretendemos virar.
Está certo que muita gente não distingue direita de esquerda e por mais que a mão do relógio sirva de alguma indicação para muitas, não faz o menor sentido para outras.  Tem gente que nem usa relógio. Ou usa “na outra”
Mas não tem problema. Sinalizou para algum lado, já dá tempo para diminuirmos a velocidade e ficarmos em alerta. 

Pois bem, a razão da minha afirmação lá do início é que já presenciei situações que confirmaram minhas suspeitas.
Essas pessoas esquecem que carro é só um meio de transporte - têm nele, além do símbolo de status e poder - tão comum em nossa sociedade atual -, um recurso para suas catarses idiotas.

Outro dia perguntei para uma conhecida que vive dizendo: “estudei pouco para trabalhar pouco” (e por isso ela ganha pouco e vive reclamando!) o que ela havia ensinado para sua filha de quase 7 anos sobre o farol vermelho. 
Ela dirige feito um motorista de trator tresloucado, na cidade -  já saí com ela.

Como assim?

O que você disse para sua filha sobre o dever de parar ao farol vermelho, explico.

Ah! Que a gente tem que parar porque... se não parar, leva multa.

Não passou pela sua cabeça explicar que é a vez do outro passar, que a cidade precisa “funcionar” alternando quem passa e quem espera?

Não!  Mesmo porque, se não vier ninguém muito seguido e não tiver câmeras, eu passo no vermelho!

Uau!! E assim caminha a humanidade!!
Com mães tontas ensinando seus filhos desta forma torta.

Um mundo de gente imediatista que quer “chegar antes”, a qualquer custo.


Talvez cheguem primeiro no céu e vejam alguma vantagem nisso, vai saber.

sexta-feira, 23 de setembro de 2016

Civilidade



Estatísticas falando sobre a falta de educação no trânsito não faltam neste país.
Aliás, não faltam no mundo.
O que falta é gente civilizada e não só no trânsito.
Ainda não bolaram um índice de civilidade e educação - seria complicado medir.
Costumo dizer que não sou nenhuma condessa em termos de educação, mas procuro ser educada e civilizada, sim.
Respeito é bom; eu gosto e pratico. 
Espero que pratiquem também.
E não estou falando de educação de dizer bom dia, obrigada e suas variáveis – palavras que devem ser ditas sempre, mas que são apenas o arremate da prática da educação.
Chamo de civilizado quem sabe praticar a educação e o respeito. Algo mais do que ter saído das cavernas, parado de oferecer sacrifícios humanos aos deuses e viver em cidades, organizar mercados financeiros e olhar galáxias com telescópios.
Estou falando de respeito - daqueles de fazer ao outro, exatamente e sem descontos, o que queríamos que fizessem para a gente.
Impossível praticar?  
Só para os que não estão interessados.

Nos próximos dias, publicarei uma sequência de textos sobre o assunto.
Abaixo, o primeiro deles:

1

Elevador lotado no horário de chegada ao trabalho.
Empresa grande, muita gente embarcando na caixinha de sobe e desce.
Entra uma tartaruga de terno e gravata, com fones nos ouvidos. Anda de ré para o fundo do elevador.
     
Cutuco a pessoa que está me afogando com a gigantesca mochila e digo: répteis devem utilizar o elevador de serviços.
Eu sei que ele não está me ouvindo porque ouço a música dele. Faço sinal para o rapaz tirar os fones.

Cara feia e desdém enquanto todos riem no elevador, ele pergunta “o que?” – bem alto, aliás, porque mantém um dos fones num ouvido.
Aponto a mochila; ele pede desculpas e tira a bugiganga das costas.

Duvido que ele goste de ser espremido por alguém no elevador. Mas não se preocupou em ver se estava atrapalhando.
Detalhe: para tirar a tralha das costas, esbarrou em metade do povo do elevador e nem pediu desculpas.

Há normas e dicas de comportamento no elevador da empresa – algumas tão básicas que levaram os funcionários aos risos quando divulgadas.  Mas percebo que são necessárias para os sem desconfiômetro - vide o exemplo da enjoadinha tartaruga engravatada.