segunda-feira, 13 de abril de 2015

Oi pessoal,


Fiquei muuuito feliz com as surpresas da Rita e do Antoninho no blog!!
Muito simpáticas e com comentários divertidos, foram as visitas mais inesperadas que já tive por aqui!!
Espero que apareçam mais vezes!  São muito bem vindos.


Ando meio devagar nas postagens, nos comentários em blogs de amigos queridos e nos pensamentos porque estou empenhada em muitas coisas neste mês - uma delas é arrumar, urgente, um trabalho remunerado.

O ritmo por aqui, portanto, será outro.
Postarei uma coisinha ou outra mas não será da forma que gosto - pelo menos 2 postagens com crônicas, por semana.  Serão, muitas vezes, apenas dicas e comentários.

Hoje, coloco uma crônica escrita sob encomenda para algumas amigas:

Dulé



Minhas amigas sugeriram que eu escrevesse sobre o duende do chulé – o Dulé.

Mas escrever o que?  
Que ele é o duende responsável pelo sumiço daquele seu pé de meia? 
Que Dulé nasceu no Triângulo das Bermudas? 
Que ninguém consegue vê-lo mas todos sentem sua existência?
Todo mundo sabe essas coisas! 

Todo mundo sabe, também, que o Dulé mora entre o cesto de roupas sujas e a máquina de lavar roupas.  
Ninguém sabe exatamente onde, porque muito já se pesquisou sobre os corredores, banheiros e quartos, mas ninguém achou a entrada para o lar de Dulé. 
À princípio pensou-se no cesto de roupas, mas seria muito evidente para um duende.

Quando um pé de meia desaparece numa casa – e só percebe-se o sumiço quando, depois de lavá-los, tenta-se montar os pares – é natural que se procure por todos os cantos, refazendo o caminho do transporte das peças de roupas sujas até o cômodo onde fica a santa máquina que faz a mágica de deixá-las limpas.

Uma procura inútil.

Dulé sabe o momento certo de surrupiar as benditas e mais ainda como manter seu lar em total segredo!
Penso que toda casa tem seu duende – não o que merece e nem o de estimação como dizem os ditados fatalistas – mas tem.
E os danados têm suas preferências. 

O de casa gosta de meias sociais e escuras - principalmente as novinhas, aquelas que não têm bolinhas por contato com as outras roupas.

Tenho uma amiga que tem um duende maníaco por meias de crianças bem novinhas. Pega do bebê enquanto ele dorme e diverte-se ao ver minha amiga aflita no meio da noite, às apalpadelas, procurar a meia sumida que, naquelas alturas já está aquecendo a careca dele. 
É!  Careca, sim!  Porque eu nunca vi um Dulé, mas tenho certeza que eles são carecas e por isso precisam roubar as meias: fazem delas seus gorros - o que me faz concluir que o Dulé da minha amiga é um duende-anão e que no inverno eles aparecem com mais frequência!

Meu marido, no começo dos desaparecimentos, achava que havíamos arrumado - sem querer, claro - um saci.
Dizia que podia ter vindo de carona-escondida numa de nossas viagens ao interior do estado.
Expliquei para ele:  sacis gostam de outras sapequices – dão nós nas crinas dos cavalos, roubam roscas e bolos de fubá quentinhos, fumam cachimbo – são caipiras... Não sobreviveriam à cidade.
O que temos é um duende!!  Acho que podemos dizer que um duende é um saci urbano e versátil. Saci faz sempre as mesmas traquinagens e duendes variam – de lar para lar.

Na casa da minha irmã vive um que some com toda espécie de coisa pequena: óculos, relógios, chaves, cartões de crédito, parafusos, chaves de fenda philips.  
O dela chama Dustuff porque some com tudo, vive nos estates e é bem trapalhão.  Faz acordo com os 3 filhos dela e acaba aprontando mais do que o meu!   

Aliás, já tive um destes, mas ele foi embora depois que comecei a quebrar - por pura falta de jeito e cuidado - os óculos, os relógios, chaveiros etc e ele não teve mais com o que brincar.
Também há duendes no mundo corporativo.
Chamam-se:  Duport – duende que some com relatórios;  Dumeeting - duende que só aparece no momento das reuniões.  Normalmente eles invertem a imagem do projetor e somem com borrachas, grampeadores, réguas, canetas, relatórios e... tcham, tcham, tcham, tcham...Calculadoras HP!!!  – o must do sumiço.

Ah! E quase esqueci do Dubag!!! Este é muito malandro.  Ele vive nas bolsas das mulheres e some com qualquer coisa.  
Faz você desistir de procurar na bolsa e chegar à conclusão que deixou "a coisa" em casa, mas na verdade você está com "a coisa" na bolsa -  ele foi quem deixou "a coisa" para fora da bolsa por alguns minutos – só para te confundir.

Com as meias não é questão de confusão, não.  Dulés gostam de ver você colecionar pés de meias desemparelhados.   Têm prazer de ver a família inteira atrás de você perguntando sobre um pé sumido.  Puro sadismo!  
Ou muito frio na careca!!

Enfim,  minhas amigas tinham razão!  
Há muito para falar sobre o Dulé e seus amigos. 
E muito a procurar por causa deles.



Marcela Yoneda 
(atualmente com mais de 8 pés de meias sociais desemparelhadas)