A Associação dos Desempregados Anônimos avisa:
queremos desesperadamente
deixar de ser anônimos para deixar de ser desempregados. Temos a esperança de que uma coisa levará à outra.
Para tanto, transformamos nosso curriculum em confete barato, nossa foto espanta mosca em muitos escritórios e a palavra recolocação virou mato em nossa boca.
Os desempregados
anônimos têm plena consciência que o negócio é ultrapassar um dia de cada vez...Grudados na internet...Enviando curriculum
e atualizando perfis.
Pensamos que se
suportarmos hoje, amanhã será um dia mais fácil e o tolerar a nós mesmos será
pura diversão.
Luzinhas em stand
by, aguardamos alguém que aperte nosso botão de start e comecemos a funcionar num
trimilique que nos devolva à vida ativa, aos ônibus lotados, aos carros entalados, às
filas, chefes e colegas de trabalho.
Porque além das
chatices do dia a dia, há sextas feiras nessa vida – lembramos delas! E domingos
também! que têm que ser diferentes das
segundas, das terças e das quartas...
As desempregadas
anônimas avisam que gostariam de, numa outra vez, serem desempregados anônimos - quando
a geladeira por limpar e a roupa para passar não serão percebidos.
O limbo e a
suspensão, amigos tão íntimos ultimamente, já avisaram que não chorarão nossa despedida.
Têm muitos outros companheiros.
Aliás, nunca tiveram
tanta companhia nos últimos 10 anos.
É isso.
Os desempregados
anônimos não se reúnem uma vez por semana porque estão muito ocupados com as minhocas de
suas cabeças, com a má vontade e a preguiça que os vai tomando aos poucos, por
inteiro.
Ah! E o último
aviso: no momento não estamos aceitando membros na Associação, devido à
superlotação.
Att.
ADDA - Associação dos Desempregados Anônimos