Louco
Todo mundo conhece
um louco.
O louco do bairro, o louco da praia, do farol, o de dar dó, o de pedra.
Loucos de todos os
tipos aparecem por aí e compõem um quadro que tanto pode nos tirar das nossas
loucuras, como nos levar a ela.
Quem é que nunca
parou para pensar de onde veio essa estória do louco do saco, do louco que mora
cemitério?
Na espuma de qual
onda o louco da praia começou a ser louco?
Você tem mesmo pena do louco de dar dó?
Quem já não
pensou: Nossa! Que louco! Ainda bem que (ou que pena que!) nunca surtei. Ou viu um louco e ouviu o grilo falante
sussurrando: um dia você vai enlouquecer assim, igualzinho.
Talvez você seja o
louco. Observa e pensa sobre os loucos.
Talvez te observem
e você nem perceba; você é um dos loucos.
E agora temos o
louco tecnológico.
Um dos loucos mais modernos, próximo ao louco por jogos
virtuais, e do louco por novidades do mundo cibernético, temos agora o louco
da planilha. O louco do Excel.
Esse louco é mais
discreto do que os outros porque não fica anunciando sua loucura nas ruas da
cidade.
Diferente dos
outros loucos, quer parecer normal.
Esconde o fato por pura insegurança.
E são loucos da
planilha justamente porque são inseguros.
Eu diria que é um dos TOCs do mundo virtual.
TOC, sim, porque impede o
sujeito de pensar livremente.
Ele não pensa no assunto se não estiver vendo
tudo numa planilha.
Esses loucos da
planilha pensam que usando a bendita, planejam a vida e guardam-se de
imprevistos porque têm uma visão geral de muitas variáveis.
Colocando tudo em
colunas, linhas e aplicando fórmulas, pensam que tudo vai dar certo e não
aparecerão percalços nos assuntos.
Controle, ou falta
dele, os levam a pensar e administrar a vida em formato de passo a passo bem feitinho para chegar
a um final feliz.
Nada contra as
planilhas – utilíssimas em muitas situações.
O problema é que o
louco da planilha acha que todas as situações podem e devem ser planilhadas.
Você conta para o
louco da planilha que está lendo um livro de poemas e ele diz: planilha.
Tem rima? Coloca lá em duas
colunas conforme os versos rimem, um em cada linha e depois faça um
cruzamento das colunas.
Cruzar sapos com
goiabas. Mais ou menos isso, você pensa.
Mas cuidado!
Não se atreva a
contrariar esse tipo de louco.
É capaz de ele te
mandar planilhar os argumentos que vocês estão usando e novamente nascerá uma
nova espécie bestial na natureza – agora cruzando premissas, cajus e emoções
raivosas – as suas, claro.
E você aí, achando
que só porque leu sobre os loucos é até normalzinho, é?
Tem certeza que
não pensou em planilhar este texto?
Vogais, consoantes e dígrafos em colunas distintas; papiros, ursos e visconde de sabugosa em
outra; louco do saco, de pedra em...
Se fizer várias
planilhas, use o vlookup (PROCV) para cruzar as informações.
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