Dia de aniversário
Entre
cumprimentos e votos ao longo do dia fui pensando na vitória da vida.
Imagino
meus genes teimosos, com cara de minions agindo freneticamente na manutenção do
meu organismo.
Persistentes,
apesar dos pesares, comandam tudo e nem posso participar das atividades.
Parecem
se divertir.
Gosto
do que tem um olhinho só. É mais arteiro. Deve ter sido ele quem me deu o nariz
grande e o humor azedinho.
É.
Porque minha saga para chegar a uva passa continua.
As
rugas são fáceis, os minions têm ajudado bastante.
Difícil
é ficar docinha.
Mas
tudo bem!
Sigo em
frente porque, como todo mundo, não quero morrer logo.
Então,
dá-lhe envelhecer tranquilamente.
Ou, como diz meu amigo: dá-lhe ganhar vida
nesses anos!
O problema de aniversário é o antes.
Dizem que passamos pelo inferno astral. Nunca tinha experimentado, mas dessa vez cheguei
Dizem que passamos pelo inferno astral. Nunca tinha experimentado, mas dessa vez cheguei
a pensar que essa
história deve ter algum fundamento: dias
atrás fiquei de molho na cama depois de um tombaço dentro de casa.
Aquelas
besteiras que a gente faz de enroscar o chinelo no pé da cama e não achar nada
por perto para segurar.
Odeio
chinelos, mas adoro a cama! Fiquei quieta e doída.
Começo
a achar que meu pai tem razão quando diz que ao envelhecer, o problema não é a
cabeça da gente que continua ativa. O problema é que a cabeça manda o pé subir
e o pé não obedece! Rebeldia física – ou moleza mesmo.
Para
configurar melhor o inferno astral, meu cachorro ficou doente e numa das vindas do veterinário resolveu carimbar o carro com o
número 2 enquanto eu dirigia.
Pensando
em arejar o ambiente, tentei abrir o vidro traseiro mas o botão quebrou. O
vidro nem subia nem descia. Parou no meio. E, claro, começou a chover.
Aff! Bota inferno astral nisso!
E a
pergunta que não quer calar veio da minha irmã:
e aí? Como tá
aí na frente?
Da
próxima vez quero ser a mais nova.
Pensando
bem, como nós todos sobrevivemos a mais uma quase pandemia, às eleições, ao
7 x 1 da Copa, aos escândalos nacionais, aos atentados dos extremistas, aos furacões
e terremotos, ao luto do amigo que se foi, às enchentes, à seca, aos pensamentos
embaralhados
que esse mundo maluco anda pregando a torto e a direito, penso que é uma vitória mais um ano de vida!!
Mesmo
que os minions continuem fazendo, sem minha permissão, a festa que querem no
corpito aqui!
Espero
que caprichem no cérebro! Tá complicado.
Obrigado a todos pelo carinho e atenção.
Obrigado a todos pelo carinho e atenção.
Foi um dia que vocês fizeram ficar muito especial!!
bjs
Marcela, vim aqui agradecer sua visita e fiquei encantado com seu texto. Que beleza de cronista você é! Tem nível para escrever em jornal e depois reunir os textos em volume, e aqui não vai gentileza ou favor de minha parte. Meus olhos escorreram pela postagem sobre meu aniversário - parabéns! - com a naturalidade de água na cascata. Além de substância colorida, sua prosa é muito boa. Vou continuar a expedição pelo blog e estarei atento às novidades. Um abraço!
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