Da Seção "Contação"
Meu marido diz que
sou daquelas que colecionam amigas.
É verdade.
Cada uma com seu
jeitinho. Cada uma amada por esse jeitinho.
Curto as pessoas,
suas estórias e experiências.
E todo mundo tem
uma amiga atrapalhada, não tem?
São elas que nos
divertem, que fazem com que sintamos que somos “normais” e nos deixam mais
leves no dia a dia.
Geralmente fazem
as mesmas coisas que a gente, com um toque de exagero típico delas.
O detalhe é que
elas contam e vivem as façanhas como se fossem as coisas mais naturais do
mundo.
Eu poderia ficar horas
escrevendo sobre o assunto, mas vou me ater a uma única que é para não alongar
a contação.
A minha amiga em
questão não é mais atrapalhada porque é uma só.
Se eu tivesse mais
uma amiga como ela...
Bem, seríamos 3
atrapalhadas!
Não fico muito
longe, mas ela é peculiar.
Se houver uma
única poça de água em quilômetros e ela estiver à milhas de distância... Ela
vai cambalear, rodopiar, tropeçar e puff: cair na poça!
Provavelmente
estará de calça branca e terá que voltar para casa para se trocar.
Disse que está
acostumada, a criatura. Mas duvido.
Sempre penso que
cada tombo é um susto rápido que será reproduzido em câmara lenta centenas de
vezes depois do levanta-sacode-a-poeira-e-dá-a volta – por cima, pelo lado ou
por dentro da poça, no caso dela.
Ela tem plena
consciêncica desta, digamos, “característica”, então é assunto conversado e
constatado. Nenhuma traíção neste
comentário, tá gente.
Tempos atrás ela
ganhou um carro zerinho de seus pais.
Toda feliz, foi
retirar o bendito numa concessionária.
Faz isso, faz
aquilo – faz seguro, doctos. e... Manobras para sair.
Claro que ela
bateu o carro na porta da loja. E bateu no carro que a levou para retirar o
novinho, de um amigo.
Sem
comentários. Chegou em casa de busão
dizendo que demoraria mais 2 semanas para poder andar no carro novo.
Acordei um dia
desses com a ligação da mãe dela: sua amiga capotou o carro ontem e está em
repouso. Se puder vir, ela ficará contente com sua visita.
E lá vou eu
ouvir: “não sei! Não sei o que
aconteceu. Acordei com o cara do resgate
e a máquina de lavar roupas – um de cada lado”.
Ela tinha ido
buscar o trambolho lavador e deve ter dormido ao volante, penso eu, mas ela só
lembra que estava cantando e muito animada...
Já sei, gente: o anjinho
da guarda dela é cego!
É uma
possibilidade, vai.
Até nas aulas de
ginástica ela se enrola.
Com o pé direito
pisou na meia do pé esquerdo e tentou um movimento.
Caiu. Disse que foi a bola do pilates que
escorregou.
Concluo que a bola
tem vida própria e sabe bem o que quer: derrubar alguém!
Na aula de
aeróbica ela ficou atrás de uma mulher muito alta e não conseguia enxergar a
tia-fessora.
Beleza. Resolveu
imitar todos os movimentos da moça que estava logo à sua frente e completou a
aula, de boa.
Mas depois ouviu a
moça comentando: tive tanta câimbra hoje, gente. Fiquei me contorcendo um
monte. Quase não consegui acompanhar o
que a instrutora fazia!
Tem amiga mais
sincera e espontânea?
Mas o melhor mesmo
foi o dia do shopping.
Além dessa coisa
atrapalhada (e mesmo assim muito amada!) ela é uma consumista compulsiva e sem
conserto.
Sabem, não é
aquela coisa de estou na tpm e vou me presentear porque não como chocolate. Ou,
preciso de um casaco e vou comprar.
Ela compra roupas
como quem se alimenta – necessidade básica de sobrevivência!
Então marcamos de
nos encontrar num shopping bem movimentado.
Eu já cheguei
olhando para todos os lados. Queria
estacionar meu carro longe do dela porque conheço a peça.
Na hora da
despedida – estou muito aliviada. Descubro que ela estacionou o carro no lado
oposto ao que estacionei. Mesmo piso, mas direções contrárias.
Ufa! É só enrolar um pouquinho que não a encontrarei
na rampa de descida para sair.
Mas o guardinha do
estacionamento – aquele sujeito que te ajuda a achar o carro quando você está
espirocada e esqueceu onde parou (já fiz isso!) - tá que apita lá longe. Então
paro e olho para os lados.
O guarda apita
muito – várias vezes e muito alto.
De longe, avisto
minha amiga que desce do carro e reclama: mas o que foi? O senhor tá apitando
para mim?
Ai gente!
Vocês acreditam
que ao sair ela engatou a ré ao invés da primeira? Mas foi devagar - porque
logo percebeu que encostou no carro de trás e corrigiu tudo, saindo direitinho
para a frente, me contou depois.
Ela só não
percebeu que o Fusca, da vaga de trás, ficou com o para choque enroscado no
carro dela e ela agora saía carregando o vizinho!! Um peso que ela não
percebeu!
Então!
Algumas coisas não
têm conserto, apenas ajustes.
Em nome dessa
amizade tão gostosa e querida e, pela segurança dela e de todo mundo, dou
carona para ela sempre que vamos sair. Faço minhas atrapalhações vida afora
também, mas dirigindo não.
Já com as poças
d’água não posso fazer muita coisa. Espero que sejam sempre rasinhas e a questão
pare só na troca de roupas.
Ah! E
lembrem-se. Ela sai sozinha de carro de
vez em quando, tá?!
Beijão para você,
amigaaaaa queridaaa! Te pego às 19h, na
terça.
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