quinta-feira, 13 de agosto de 2015

Amigas

Da Seção "Contação"



Meu marido diz que sou daquelas que colecionam amigas.
É verdade.
Cada uma com seu jeitinho. Cada uma amada por esse jeitinho.
Curto as pessoas, suas estórias e experiências.

E todo mundo tem uma amiga atrapalhada, não tem?
São elas que nos divertem, que fazem com que sintamos que somos “normais” e nos deixam mais leves no dia a dia.
Geralmente fazem as mesmas coisas que a gente, com um toque de exagero típico delas.

O detalhe é que elas contam e vivem as façanhas como se fossem as coisas mais naturais do mundo.
Eu poderia ficar horas escrevendo sobre o assunto, mas vou me ater a uma única que é para não alongar a contação.

A minha amiga em questão não é mais atrapalhada porque é uma só.
Se eu tivesse mais uma amiga como ela...
Bem, seríamos 3 atrapalhadas!
Não fico muito longe, mas ela é peculiar.

Se houver uma única poça de água em quilômetros e ela estiver à milhas de distância... Ela vai cambalear, rodopiar, tropeçar e puff: cair na poça! 
Provavelmente estará de calça branca e terá que voltar para casa para se trocar.

Disse que está acostumada, a criatura. Mas duvido.
Sempre penso que cada tombo é um susto rápido que será reproduzido em câmara lenta centenas de vezes depois do levanta-sacode-a-poeira-e-dá-a volta – por cima, pelo lado ou por dentro da poça, no caso dela.

Ela tem plena consciêncica desta, digamos, “característica”, então é assunto conversado e constatado.  Nenhuma traíção neste comentário, tá gente.

Tempos atrás ela ganhou um carro zerinho de seus pais.
Toda feliz, foi retirar o bendito numa concessionária.
Faz isso, faz aquilo – faz seguro, doctos. e... Manobras para sair.
Claro que ela bateu o carro na porta da loja. E bateu no carro que a levou para retirar o novinho, de um amigo.
Sem comentários.  Chegou em casa de busão dizendo que demoraria mais 2 semanas para poder andar no carro novo.

Acordei um dia desses com a ligação da mãe dela: sua amiga capotou o carro ontem e está em repouso. Se puder vir, ela ficará contente com sua visita.
E lá vou eu ouvir:  “não sei! Não sei o que aconteceu.  Acordei com o cara do resgate e a máquina de lavar roupas – um de cada lado”.
Ela tinha ido buscar o trambolho lavador e deve ter dormido ao volante, penso eu, mas ela só lembra que estava cantando e muito animada...

Já sei, gente: o anjinho da guarda dela é cego! 
É uma possibilidade, vai.

Até nas aulas de ginástica ela se enrola.
Com o pé direito pisou na meia do pé esquerdo e tentou um movimento.
Caiu.   Disse que foi a bola do pilates que escorregou. 
Concluo que a bola tem vida própria e sabe bem o que quer: derrubar alguém!

Na aula de aeróbica ela ficou atrás de uma mulher muito alta e não conseguia enxergar a tia-fessora.
Beleza. Resolveu imitar todos os movimentos da moça que estava logo à sua frente e completou a aula, de boa.
Mas depois ouviu a moça comentando: tive tanta câimbra hoje, gente. Fiquei me contorcendo um monte.  Quase não consegui acompanhar o que a instrutora fazia!

Tem amiga mais sincera e espontânea?

Mas o melhor mesmo foi o dia do shopping.
Além dessa coisa atrapalhada (e mesmo assim muito amada!) ela é uma consumista compulsiva e sem conserto.
Sabem, não é aquela coisa de estou na tpm e vou me presentear porque não como chocolate. Ou, preciso de um casaco e vou comprar.
Ela compra roupas como quem se alimenta – necessidade básica de sobrevivência!
Então marcamos de nos encontrar num shopping bem movimentado.
Eu já cheguei olhando para todos os lados.  Queria estacionar meu carro longe do dela porque conheço a peça.

Na hora da despedida – estou muito aliviada. Descubro que ela estacionou o carro no lado oposto ao que estacionei. Mesmo piso, mas direções contrárias.
Ufa!   É só enrolar um pouquinho que não a encontrarei na rampa de descida para sair.

Mas o guardinha do estacionamento – aquele sujeito que te ajuda a achar o carro quando você está espirocada e esqueceu onde parou (já fiz isso!) - tá que apita lá longe. Então paro e olho para os lados. 
O guarda apita muito – várias vezes e muito alto.
De longe, avisto minha amiga que desce do carro e reclama: mas o que foi? O senhor tá apitando para mim?
Ai gente!
Vocês acreditam que ao sair ela engatou a ré ao invés da primeira? Mas foi devagar - porque logo percebeu que encostou no carro de trás e corrigiu tudo, saindo direitinho para a frente, me contou depois.

Ela só não percebeu que o Fusca, da vaga de trás, ficou com o para choque enroscado no carro dela e ela agora saía carregando o vizinho!! Um peso que ela não percebeu!

Então! 
Algumas coisas não têm conserto, apenas ajustes.
Em nome dessa amizade tão gostosa e querida e, pela segurança dela e de todo mundo, dou carona para ela sempre que vamos sair. Faço minhas atrapalhações vida afora também, mas dirigindo não.

Já com as poças d’água não posso fazer muita coisa.  Espero que sejam sempre rasinhas e a questão pare só na troca de roupas.

Ah! E lembrem-se.  Ela sai sozinha de carro de vez em quando, tá?!

Beijão para você, amigaaaaa queridaaa!  Te pego às 19h, na terça.


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