segunda-feira, 5 de dezembro de 2016

Tempo, tempo

Não que o mal estar tivesse passado subitamente. Meu corpo doía muito e distinguir se era só uma gripe ou qualquer outra coisa é função do médico, não minha, mas estou em dúvida se devo permanecer na espera.

O problema é que aguardo atendimento no PS, mas tenho a sensação de que estou num hospital-escola-maternal, recém inaugurado.

Os atendentes, ao meu ver, não têm mais que 15 anos e os médicos, talvez uns 18! 
São eles que irão “cuidar” de mim? 
Muita gente jovem junta neste lugar.

Fico pensando que o HD do cérebro deles tem muito espaço livre para armazenamento de dados, então devem ter guardado direitinho tudo que estudaram – como eu um dia guardei – e podem fazer um excelente atendimento.

Será?

E a experiência de vida? Enquanto se debruçavam nos livros e nos pseudos pacientes para estudar não deixaram de viver as farras, os erros e acertos próprios da idade?

Bobagem minha.
Claro que esses profissionais viveram a época da faculdade com tudo que têm direito e talvez até um pouco mais. 

Mas uma pulguinha fica atrás da minha orelha resmungando que eles não viveram o suficiente para diagnosticar algumas coisas, ou para compreender o palavreado descritivo dos mais velhos que tentarão relatar o que sentem.
Têm a experiência que a idade lhes permite. E talvez esse seja o problema.

Sei lá!  Estou senilmente(?) confusa.

Aguardo, como todo mundo, que minha senha apareça no painel.

Ainda tenho a chance de sair correndo, voltar para casa e tomar um chá na cama, enquanto leio um livro e espero a suposta gripe passar. Se for dengue o procedimento não será muito diferente – apenas restrições a alguns remédios.

É. Acho que vou para casa.

Vejo que um médico chama a paciente pelo nome, no corredor. 
Se eu encontrasse esse rapaz no meio da rua, o teria por um adolescente terminando o colegial – cabeça cheia de dúvidas sobre qual carreira escolher, pressão, vestibular e paquerinhas.

Socorro! O mundo rejuvenesceu?!! 
Só eu continuo envelhecendo. O tempo não passa para mais ninguém. 
Ou os jovens estão tomando conta do mundo?!!!

Cadê o médico velhinho e compreensivo que conheceu minha avó e meu avô, que me viu dar os primeiros passos? Aquele que só de bater o olho e fazer um rápido exame já dá uns bons conselhos e certeiro diagnóstico.

OK. Estou em pânico a troco de nada!

São jovens esses médicos que me atenderão hoje, mas são profissionais e devem estar super atualizados no uso de recursos para diagnósticos.

2333.  Minha vez!  

Caminho pensando que estou sendo injusta com esse pessoal que nem conheço. 
Lembro-me da dificuldade que sofreram meu irmã e minha irmã, que são profissionais da saúde, pelo mesmo motivo: eram jovens, diplomados e tinham cara de crianças felizes no começo de suas carreiras. Os pacientes mais velhos sempre estranhavam – pensavam que eles eram os auxiliares de sala a preparar o atendimento.

Paciência! Vou abrir a porta, dizer boa tarde e... Oferecer um pirulito?!!

Óbvio que demorei um pouco para arrumar o foco no bigode grisalho que acompanhava o lábio daquele senhor que me cumprimentava e apontava a cadeira para eu sentar.

Não era para ter um imberbe sentado ali?  Cadê o HD limpinho, os escaners, lasers, ressonâncias ?

Um senhorzinho vai me atender? Será que está atualizado? Participou de congressos recentemente?

Pânico de novo!  Agora, pelo motivo contrário.

Estou ficando velha mesmo!   Nada que não combine com chá, repouso e um bom livro lido na cama, conforme recomendação médica recém recebida.

Um comentário:

  1. Boa tarde.
    Não li ainda!!!
    Aproveito aqui para entrar em contato, pois o perdi.
    Marina.

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