sexta-feira, 23 de setembro de 2016

Civilidade



Estatísticas falando sobre a falta de educação no trânsito não faltam neste país.
Aliás, não faltam no mundo.
O que falta é gente civilizada e não só no trânsito.
Ainda não bolaram um índice de civilidade e educação - seria complicado medir.
Costumo dizer que não sou nenhuma condessa em termos de educação, mas procuro ser educada e civilizada, sim.
Respeito é bom; eu gosto e pratico. 
Espero que pratiquem também.
E não estou falando de educação de dizer bom dia, obrigada e suas variáveis – palavras que devem ser ditas sempre, mas que são apenas o arremate da prática da educação.
Chamo de civilizado quem sabe praticar a educação e o respeito. Algo mais do que ter saído das cavernas, parado de oferecer sacrifícios humanos aos deuses e viver em cidades, organizar mercados financeiros e olhar galáxias com telescópios.
Estou falando de respeito - daqueles de fazer ao outro, exatamente e sem descontos, o que queríamos que fizessem para a gente.
Impossível praticar?  
Só para os que não estão interessados.

Nos próximos dias, publicarei uma sequência de textos sobre o assunto.
Abaixo, o primeiro deles:

1

Elevador lotado no horário de chegada ao trabalho.
Empresa grande, muita gente embarcando na caixinha de sobe e desce.
Entra uma tartaruga de terno e gravata, com fones nos ouvidos. Anda de ré para o fundo do elevador.
     
Cutuco a pessoa que está me afogando com a gigantesca mochila e digo: répteis devem utilizar o elevador de serviços.
Eu sei que ele não está me ouvindo porque ouço a música dele. Faço sinal para o rapaz tirar os fones.

Cara feia e desdém enquanto todos riem no elevador, ele pergunta “o que?” – bem alto, aliás, porque mantém um dos fones num ouvido.
Aponto a mochila; ele pede desculpas e tira a bugiganga das costas.

Duvido que ele goste de ser espremido por alguém no elevador. Mas não se preocupou em ver se estava atrapalhando.
Detalhe: para tirar a tralha das costas, esbarrou em metade do povo do elevador e nem pediu desculpas.

Há normas e dicas de comportamento no elevador da empresa – algumas tão básicas que levaram os funcionários aos risos quando divulgadas.  Mas percebo que são necessárias para os sem desconfiômetro - vide o exemplo da enjoadinha tartaruga engravatada.


2 comentários:

  1. Este comentário foi removido pelo autor.

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  2. E isso vale para tudo: elevador, ônibus, consultórios (perceba quantos dizem bom dia, boa tarde para o mundo quando entram em um consultório, mesmo nos mais estrelados. Mesmo se a gente diz quando entra ou sai, a resposta é parcial e desanimada), lojas...não sei em que momento o cristal se quebrou e o pessoal da terra passou a ser tão mal educado, grosseiro, arredio, agressivo. Uma pena!

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